A depressão é um problema médico grave e presente na sociedade em geral. No Brasil, de acordo com os estudos epidemiológicos, a depressão participa ao longo da vida dos brasileiros em torno de 15,5% das vezes.
A doença é caracterizada pela perda ou diminuição de interesse e prazer pela vida, gerando angústia e frustração, geralmente sem motivos aparentes. A depressão atinge pessoas de qualquer idade - embora seja mais frequente entre mulheres - e exige avaliação e tratamento com um profissional. Os sintomas são frutos de desequilíbrios na bioquímica cerebral, como a diminuição na oferta de neurotransmissores como a serotonina, ligada à sensação de bem-estar.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é um transtorno comum em todo o mundo, a estimativa é de que mais de 300 milhões de pessoas apresentem a condição. O transtorno é diferente das flutuações usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração como reação à vida cotidiana. Principalmente ao apresentar uma longa duração e uma intensidade grave ou moderada, a depressão pode se tornar uma condição crítica de saúde, podendo causar grande sofrimento, disfunção no trabalho, na escola ou, até mesmo, no meio familiar.
Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio, apresentando um dado de 800 mil pessoas que cometem suicídio a cada ano. O que é transtorno de depressão?
Ainda segundo a OMS, a depressão é a doença mais incapacitante de todas. Na lista de ranking dos países em desenvolvimento, o Brasil aparece em primeiro lugar na lista. Contudo, não é raro os casos nos quais as pessoas que apresentam o quadro depressivo o ignorem. Para Carl Jung, psiquiatra suíço, a depressão é sintoma de alerta.
Não é possível sistematizar em um padrão as exatas causas do transtorno. Suas causas apresentam tanto origens genéticas quanto fatores externos ao ambiente rotineiro.
Apesar da causalidade ser diferente para cada caso, as possíveis causas da depressão são:
Genética: estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético.
Estima-se que esse componente representa 40% da suscetibilidade para desenvolver depressão;
Bioquímica cerebral: há evidências de deficiência de substâncias cerebrais, chamadas de neurotransmissores. São eles: noradrenalina, serotonina e dopamina que são envolvidos na regulação da atividade motora do apetite, do sono e do humor.
Eventos vitais: eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que têm uma predisposição genética a desenvolver a doença.
Além disso, há também fatores de riscos que podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno, como o histórico familiar, estresse crônico, ansiedade crônica, disfunções hormonais, traumas psicológico e outros.
Os sintomas da depressão se manifestam de diversas formas, portanto, é importante não estigmatizar e padronizar uma “aparência depressiva”.
Segundo o Ministério da Saúde, alguns dos sintomas do transtorno são:
O psiquiatra Agilberto Calaça Neves conta que um ciclo depressivo dura seis meses, com ou sem tratamento.
“Porém, a consequência da falta de tratamento pode ser o suicídio”.
Se não tratada corretamente, a depressão poderá desencadear uma série de problemas, como a deficiência do sistema imunológico, o que leva predisposição a infecções no organismo, além de doenças cardiovasculares e autoimunes, como lúpus e diabetes.
Há muitos casos que reforçam uma possível ligação entre a depressão e o surgimento do câncer, justamente devido a essa queda de imunidade desenvolvendo reações psicossomáticas.
Além disso, as consequências sociais também podem ser desastrosas, agravando ainda mais o quadro:
problemas nos relacionamento afetivos, desemprego, isolamento social, propensão à vícios e pensamentos suicidas.
A depressão costuma ser causada por alguma situação conturbada ou estressante ao longo da vida, como estrutura familiar, problemas financeiros, genéticos ou em decorrência de outros problemas de saúde, como o transtorno de ansiedade, por exemplo, que pode resultar em um quadro depressivo.
Existem cinco principais motivos pela qual a depressão se desenvolve, segundo a psicóloga Cláudia Faria:
Acontecimentos marcantes na vida: situações marcantes como fim de um relacionamento amoroso, desemprego, morte de alguém próximo são causas frequentes de depressão. No entanto, situações rotineiras podem favorecer o surgimento da doença, como estresse prolongado e em demasia no ambiente profissional ou familiar.
Bullying ou chantagem emocional: traumas emocionais que surgem quando se é vítima de bullying ou de chantagem emocional, o que é uma violência psicológica, também pode resultar em depressão.
Insultos, agressão psicológica e física geram sentimentos de insegurança, baixa autoestima, ansiedade, culminando em fatores que criam um ambiente perfeito para que a depressão se instale.
Doenças graves: o diagnóstico de doenças graves geralmente desencadeiam o transtorno depressivo, principalmente doenças que apresentam tabus, preconceito e desinformação, como HIV, ou quadros que exijam um convívio diário com o medo da morte.
Doenças crônicas como diabetes, síndrome do intestino irritável ou lúpus ainda apresentam maiores chances de ficar deprimido porque é preciso mudar a alimentação, deixando para trás alimentos que gostam, mas que são prejudiciais.
Alterações hormonais: as alterações hormonais, principalmente a diminuição de estrogênios, que ocorre durante a gravidez, no pós-parto podem potencializar uma depressão. Além disso, a falta de ômega 3 também pode estar envolvido, uma vez que diminui a capacidade de controlar emoções e humor.
Uso de remédios: o uso frequente de remédios como Prolopa, Xanax, Zocor e Zovirax podem levar à depressão pela diminuição da produção da serotonina, hormônio responsável pela sensação de bem-estar.
Numa ramificação dupla, uma distinção fundamental é feita entre depressão em pessoas que têm ou não um histórico de episódios de mania. Os dois tipos podem vir a serem crônicos, se acontecer num longo período de tempo, com recaídas, principalmente se não forem tratados.
O transtorno depressivo recorrente envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral por pelo menos duas semanas.
Muitas pessoas com depressão também sofrem com sintomas como ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem ter sentimentos de culpa ou baixa autoestima, falta de concentração e até mesmo aqueles que são clinicamente inexplicáveis.
Por outro lado, o transtorno afetivo bipolar é um tipo de depressão que consiste, tipicamente, na alternância entre episódios de mania e de depressão, separados por períodos de humor normal.
Episódios de mania envolvem humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, autoestima inflada e uma menor necessidade de sono, bem como a aceleração do pensamento.
Andrew Solomom na obra “O demônio do meio dia, uma anatomia da depressão”, lista inúmeros formas de tratamentos existentes.
O tratamento da depressão, atualmente, recomenda a utilização de algumas estratégias conjugadas:
A depressão é uma doença psicológica com uma prevalência elevada, logo, o tratamento é medicamentoso e psicoterápico. A escolha do antidepressivo é feita com base no subtipo da depressão, na análise dos antecedentes pessoais e familiares, na presença de doenças clínicas e nas características dos antidepressivos.
O acompanhamento psicológico terá função primordial, haja vista que buscará levantar a causa-raiz do problema e como ele poderá ser desmontado. É de crucial, inclusive, porque os medicamentos podem levar um tempo para fazer efeito.
Há diversos modos para lidar e controlar a depressão, e geralmente são utilizadas em conjunto. Uma das principais opções médicas é a Terapia Cognitivo-Comportamental, remédios antidepressivos e, em alguns casos severos, Terapia Eletroconvulsiva.
A Terapia Cognitivo-Comportamental ajuda a controlar os pensamentos negativos que podem levar a perda de interesse e sentimentos de insuficiências, além de combater combater emoções pessimistas, perda de energia e comportamentos de pouca concentração.
Já a Terapia Eletroconvulsiva é altamente recomendada quando a depressão é severa, quando o paciente já tem alguma resposta positiva ao tratamento e quando há contraindicação médica de tomar medicamentos.
Na maioria das vezes, o tratamento é feito em conjunto pelo psiquiatra e o psicólogo, para trabalharem tanto do ponto de vista comportamental quanto clínico. De acordo com o psiquiatra Ivan Mario Braum, psicólogos e médicos não psiquiatras podem diagnosticar a depressão, porém, por sua formação, é o psiquiatra o profissional mais capacitado para confirmar a presença de um transtorno depressivo ou não.
A causa da depressão não é completamente certa, mas estudos genéticos demonstram que, em grande parte, é resultado de um prejuízo na comunicação entre as células nervosas encefálicas, através de substâncias químicas chamadas de neurotransmissores.
Os profissionais do ramo da psiquiatria são médicos formados, sendo assim, podem receitar medicamentos e acompanham periodicamente os pacientes sob uso de remédios. Os psicólogos, por sua vez, priorizam a psicoterapia e trabalham no tratamento do sofrimento emocional e mental nos pacientes através da intervenção cognitivo-comportamental.
Além disso, podem realizar testes psicológicos, um processo que avalia a situação mental que o paciente se encontra e que determina o modo mais eficaz para tratar.